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domingo, 13 de dezembro de 2020

PARTE IV - VÍDEOS DE 14 A 19: Escutas de desembargadores do TJMA através do números de seus celulares montados encima de operações criminosas

EIS A TRANSCRIÇÃO DOS DEPOIMENTOS:
O senhor tem conhecimento de números, de nome de pessoas, de operações em que foram usados esses artifícios da barriga de aluguel?

O SR. TIAGO MATTOS BARDAL - Infelizmente os números eu não tenho. Como eu disse no começo, eles me tiraram da SEIC com mandado de prisão. Eles não deram nem a oportunidade — o Secretário — de eu realizar o referido inventário. Lá, sim, existiam as operações que visavam combater as facções e tem números que eu tenho o conhecimento de que foram enxertados. Tivemos a Operação Jenga. Então, são operações que... Temos que fazer uma auditoria no sistema Guardião para verificar os números que foram feitos, bem como os seus áudios. Não podemos esquecer que, alheia à SEIC, existe outra Superintendência, inclusive a própria Secretaria de Segurança Pública tem a sua inteligência. Então, é possível, sim, que existam os números lá na chamada barriga de aluguel, números montados em cima de outras operações. O Delegado Ney Anderson acabou dando exemplo até alguns números aí. Então, é fácil tirar essa dúvida: é só fazer a auditoria no sistema Guardião.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Delegado Tiago Bardal, você tem conhecimento de quem eram as autoridades que representavam perante a Justiça essas operações e de quem seriam esses números? Por quê? Toda interceptação telefônica carece de uma representação ao Judiciário para que operadora implante esses números no sistema Guardião.
Então, é importante saber, Delegado Tiago Bardal, se você tem conhecimento de quem eram as autoridades policiais que, mancomunadas ou participando dessa ação criminal do secretário de segurança pública, representavam ao Judiciário essas operações, inclusive com a inserção de números de pessoas que não faziam parte da investigação.
O SR. TIAGO MATTOS BARDAL - Aí teremos que fazer, doutor... Lá na SEIC, nós temos o Departamento de Combate ao Crime Organizado, e lá existe uma rotatividade de delegados. Então, nós temos que pegar as representações do Departamento de Combate ao Crime Organizado... O DOTE também, na época, fazia representações de facções para verificarmos os nomes dos delegados e os respectivos números.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Delegado Tiago Bardal, você tem conhecimento se a inteligência do Sistema de Segurança Pública, que é chefiada hoje pelo Delegado Martins, também representa por autorizações de quebra de sigilo telefônico? Os delegados que chefiam hoje o sistema de segurança pública do Estado também representam por essas interceptações?
O SR. TIAGO MATTOS BARDAL - Eu não tenho conhecimento, porque lá a tratativa deles era direto com o Secretário, então era às portas fechadas em ato sigiloso. Então, eu não participava das reuniões do Secretário com o Chefe da Inteligência da Secretaria.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Por enquanto, as minhas perguntas para o Delegado Tiago Bardal se encerram aqui.
Eu passo agora a perguntar ao nosso convidado, o Delegado Ney Anderson.
Delegado Ney Anderson, você citou aqui especificamente três operações onde afirma que foram inseridos números que não faziam parte da investigação: Operação Constelação, Tentáculos e Jenga.
Você tem conhecimento de quem foram as autoridades que representaram por essas operações?
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Como o Delegado Tiago Bardal falou, a gente tem que ir até à SEIC, à SECCOR, e saber quem são os delegados de cada departamento e apresentar o nome da operação. Por exemplo, a Operação Beno, Operação Tentáculos, para saber quem foram os delegados que as representaram.

O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - V.Sa. não tem conhecimento de quem eram os delegados que estavam à frente dessas investigações?
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Não, eu não posso afirmar. Mas, pelo nome da operação e pelo número, a gente pode...
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Mas V.Sa. confirma e afirma que, na Operação Constelação, foi incluído, de forma criminosa...
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Ilegal.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - ...o telefone do Vereador Astro de Ogum?
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Na época, ele era o Presidente da Câmara de São Luís.
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Isso.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Inclusive, foi incluído o de um filho adotivo dele.
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - É.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - E essa inserção foi feita fora do bojo da investigação? Não havia nenhum indício de participação do Vereador ou do filho nesse crime de pedofilia?
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Não.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Com relação à Operação Jenga, V.Sa. tem conhecimento de quem eram as autoridades, os políticos ou as pessoas ligadas aos políticos que foram inseridas, de forma criminosa e ilegal, nessas operações?
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - A Operação Jenga foi chefiada por mim. Não aceitei nem nunca compactuei com esse tipo de pedido do Secretário de Segurança. Inclusive, eu quero até cumprimentar o Senador Roberto Rocha por dizer que, antes do início da Operação Jenga, o Secretário de Segurança, no ano de 2017, tentou, de todas as formas, que a gente inserisse o número de familiares dele, do seu suplente, o Pinto, e de possíveis advogados ligados a ele. Só que eu e o Delegado Bardal nunca compactuamos com isso. Por isso essas perseguições contra mim e essa armação contra o Delegado Tiago Bardal. Estou dizendo isso olhando nos seus olhos. A gente nunca compactuou com isso. O Secretário de Segurança achava que o Senador ia atrapalhar o pleito eleitoral em 2018.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Delegado Ney Anderson, você tem conhecimento se, nessa ação criminosa intentada pelo Secretário — contando com a sua negativa e a do Delegado Tiago Bardal —, algum delegado se propôs a isso? Essa operação foi efetivamente implantada com o número de familiares do Senador Roberto Rocha ou de pessoas ligadas a ele?
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Há vários delegados que se propuseram. Foi criada uma superintendência chamada SECCOR, que tinha, a princípio, a única intenção de investigar adversários políticos. A SECCOR foi criada com o intuito de concentrar os poderes. Tudo o que era relativo a corrupção ia para a SECCOR. E lá eles fazem o que o Secretário diz, ainda que de forma ilegal, como foi o caso do comerciante. Foram para uma lan house, criaram o depoimento e o levaram para assinar, diante da ameaça de prender dois senhores de idade, o pai e a mãe do comerciante, senhores entre 75 e 80 anos.

O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Com relação à Operação Tentáculos e à Operação Jenga, V.Sa. tem conhecimento, de forma muito clara, de algum político, ou de familiar de político, ou de familiar de desembargador, ou de juiz que tenha sido efetivamente inserido nessas operações para que, de forma ilegal, pudesse ser monitorado?
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Excelência, eu não sei se foram inseridos de forma ilegal. Como funcionava o Departamento de Combate ao Crime Organizado? Eu ficava responsável pelas facções criminosas — PCC, Comando Vermelho, Bonde dos 40. Com o mínimo de material humano que a gente tinha, isso era muito difícil. Ficaram responsáveis pela Operação Jenga o Delegado Ocano e o Delegado Renê. Eu não sei lhe informar se durante essas interceptações da Operação Jenga foi inserido o nome de algum familiar ou de alguma autoridade. O Delegado Ocano e o Delegado Renê poderiam explicar melhor.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Mas V.Sa. confirma que o Secretário pessoalmente lhe pediu que esses números fossem inseridos nessa Operação?
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Pediu para mim e para o Delegado Bardal.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - E, posteriormente à sua negativa, o senhor foi afastado da SECCOR, e, antes de...
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Da SECCOR não, da SEIC.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Da SEIC. Posteriormente, ele pode ter...
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Não. A partir desse momento ele já ficou meio avesso. Diante de várias negativas a várias ilegalidades, ele foi ficando avesso comigo e com o Tiago Bardal.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Mas V.Sa. confirma que, pessoalmente, o Secretário, por várias vezes...
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Pessoalmente, por várias vezes pediu...
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Deixe-me concluir minha pergunta. Por várias vezes o Secretário lhe pediu, pessoal e diretamente, que fizesse a inclusão de números de telefones de pessoas que não faziam parte da investigação, um artifício conhecido no meio policial como barriga de aluguel, e, posteriormente às suas negativas, ele...
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Foi criando aversão.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Aversão. Isso culminou com o seu afastamento da Superintendência da qual o senhor era Superintendente?
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - É. A princípio, quando o Bardal foi preso, ele me tirou sem fundamento nenhum.
Todos nós sabemos que existe a Lei nº 12.830, que diz que qualquer remoção da autoridade policial tem que ser fundamentada. Ele não fundamentou minha saída de lá. Depois que o Bardal saiu de lá preso, ele me tirou de lá para dar a aparência de que eu fosse bandido também. Agora, depois dessas denúncias, ele falou que foi por causa do caso Décio Sá, e eu, com mais de 20 anos de Polícia, sei que não foi só por causa disso. Ele sabe que pediu muita coisa ilegal para a gente.
Eu vou relatar para os senhores alguns pedidos que ele fez em relação a desembargadores. O Delegado Tiago Bardal fez umas denúncias, em juízo, de que o Secretário de Segurança mandava constantemente que apurássemos algo ilícito de alguns desembargadores. Senhores, antes de começar, eu vou falar para vocês que lá no Departamento de Combate ao Crime Organizado a gente não investiga pessoas: a gente investiga fatos, e, dos fatos, a gente vai chegar às pessoas. Constantemente ele pedia que iniciássemos investigações de assessores, familiares, advogados e até pessoas próximas desses desembargadores e que inseríssemos esses números em interceptações de facções criminosas. Por que ele queria que a gente inserisse o número em interceptação de facções criminosas? Porque a quantidade é muito grande: 100, 120 números. "Bota lá só um numerozinho de um parente, de um assessor". E aí passa batido. Isso é a chamada barriga de aluguel.
Porém, a gente nunca compactuou com isso, como eu já falei antes. Ele sempre falava que ainda ia mandar um juiz ou um desembargador para a cadeia.

Com relação ao Desembargador Guerreiro Júnior, o Secretário de Segurança pediu algumas vezes para colocarmos os números da filha do referido desembargador, Fernanda Guerreiro, e de seu marido, Marcelo Mota. Ambos comprovaram já, depois que eu fiz as denúncias, que eles realmente suspeitam disso, inclusive que foram seguidos e monitorados. Um fato interessante ocorreu na semana em que desencadeamos a primeira fase da Operação Jenga. O Desembargador plantonista era o Guerreiro Júnior, e a filha do Guerreiro Júnior era a advogada do Pacovan, um dos principais agiotas do Maranhão — quem é do Maranhão sabe e conhece muito bem o Pacovan. O Secretário pediu para a gente monitorar, para dar um possível flagrante, porque ele achava que o Guerreiro Júnior iria liberar o Pacovan. Eu disse que não iria fazer isso, mas o Marcelo Mota percebeu que outros agentes públicos, provavelmente policiais, estavam lhe seguindo. Isso ele já revelou em entrevistas e em nota. Ele esperava que o Desembargador Guerreiro Júnior soltasse o Pacovan em troca de alguma vantagem econômica, sei lá. Porém, os presos não foram soltos.
Em relação ao Desembargador Froz, ele pediu que eu inserisse o número de dois assessores. O Secretário entregou, no tempo, o número de telefone celular para mim e para o Bardal de dois assessores do Desembargador Froz, o que a gente só soube depois. Através do número, nós descobrimos que se tratava de celulares, se não me falha a memória, de um assessor chamado Eric e de outro chamado Glaubert. Com relação ao Desembargador Tyrone, que libertou os presos da primeira fase da Operação Jenga, incluindo o Pacovan, o Secretário ficou furioso e mandou que a equipe do Departamento de Combate ao Crime Organizado fizesse uma reclamação contra o Desembargador no CNJ. Esse encontro foi no gabinete do Secretário de Segurança. Estavam presentes eu, o Delegado Renê, o Delegado Ocano, o Delegado Tiago Bardal, o seu assistente Osman e o próprio Secretário. Ele estava totalmente chateado porque tinham soltado o Pacovan.
Isso foi na primeira fase, porque, até então, não tinha surgido o nome de nenhum político e de nenhum empresário aliado.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Presidente, há tempo para perguntar e tempo para responder. Já são 17h42min, e é preciso que tenhamos tempo para inquiri-lo também.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Deputado Márcio Jerry, eu já vou encerrar a minha...
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - O senhor não está cumprindo a regra rotineira de uma audiência pública.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Talvez o senhor não tenha conhecimento do Regimento sobre audiência pública: o autor do requerimento não tem limitação de tempo para fazer as suas perguntas. Quem está fazendo as perguntas é o autor do requerimento, e pelo Regimento não há limitação de tempo. Eu já vou encerrar as minhas perguntas, assim que o convidado acabar o seu depoimento.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Só estou apelando para a razoabilidade. Mais do que o Regimento é a razoabilidade.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Vou ser razoável. Já vou encerrar minha colocação, mas digo mais uma vez: o autor do requerimento não tem limitação de tempo para fazer as suas perguntas.

O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Eu vou ser bem breve. Ele pediu que a gente fizesse a reclamação no CNJ — pediu que a gente fizesse uma reclamação para o CNJ —, eu mesmo convenci o Secretário de Segurança Jefferson Portela a não fazer e mandar para o Ministério Público. Mesmo assim ele ficou irritado, e disse que era para fazer, para fazer, para fazer, e eu convenci: "Não, isso aqui deixa com o Ministério Público", até que o Osman convenceu o mesmo a não assinar, e ele disse que iria segurar, caso desse algum problema. Só que ele não segurou nada, porque homem sem palavra não faz isso.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Eu vou dar mais 1 minuto para o convidado concluir e vou encerrar a minha participação.
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Ele ligou do seu gabinete para o CNJ. É fácil de comprovar que ele ligou e que foi ele que queria assinar a reclamação. Com relação à Desembargadora Nelma Sarney, ele tinha um ódio mortal, ele batia em cima da mesa por várias vezes, porque odiava a família Sarney, e pediu por várias vezes que a gente colocasse até escutas ambientais dentro do carro da referida Desembargadora ou de assessores. Está encerrada a minha fala.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Antes de encerrar a minha arguição ao convidado, a pedido do Deputado Márcio Jerry, que está ansioso também para fazer suas perguntas, eu vou fazer uma pergunta rápida, direta e sucinta ao convidado para que ele, em menos de 1 minuto, conclua o que eu vou perguntar a ele.
Apenas para explanar como funciona o sistema Guardião, quando você implanta uma operação, você designa um analista para acompanhar aqueles áudios. Deve ser uma pessoa de confiança, para que a pessoa, quando está cometendo um crime, seja da confiança dele.
Eu queria saber do Delegado Ney Anderson e do Delegado Tiago Bardal, que nos ouvem, se eles têm conhecimento de quem eram os analistas destacados para acompanhamento dessas operações, porque, a partir do momento em que você insere um número de forma criminosa e ilegal numa operação legal, você tem que ter alguém de muita confiança para acompanhar aquela operação. Existe também um dispositivo, para quem não conhece, chamado Siga-Me, com o qual você desvia aquele áudio da interceptação para um telefone celular, e a pessoa recebe em tempo real aquela ligação.
Pergunto se o Delegado Ney Anderson e o Delegado Tiago Bardal têm conhecimento se esse dispositivo foi usado nessas operações e quem eram os destinatários dessas operações do Siga-me. Mais uma coisa: no sistema Guardião, quando se remete o resultado da operação ao juiz ou ao promotor, você registra as ligações que são relevantes e as que não são relevantes. Qual a forma de não fazer com que essas interceptações chegassem ao Judiciário? Bastava que o analista responsável pela operação registrasse no sistema Guardião que aquela ligação não era relevante, e assim ela não era encaminhada para a autoridade que deferiu o pedido. Ela fica arquivada no sistema, mas não é encaminhada nem ao Ministério Público nem ao Judiciário. Essa é a forma de se implantar uma barriga de aluguel, ter conhecimento dos áudios e fazer com que aqueles áudios não cheguem à autoridade judicial.
Vocês têm conhecimento de quem eram os analistas ou quem eram as pessoas que eram responsáveis por receber através do Siga-Me essas interceptações? Quero de forma bem sucinta a resposta.
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Srs. Deputados, funciona da seguinte maneira: a gente faz a representação pela interceptação telefônica, o Ministério Público opina favoravelmente ou não, o juiz defere a interceptação. Quando a gente pede essa interceptação, eu, por exemplo, eu tinha os investigadores de confiança. Já que tem um controle do Ministério Público e tem um controle do Poder Judiciário, por que o chefe da inteligência da Polícia Civil do Maranhão, o Delegado Martins, deveria ouvir coisas que são sigilosas, onde lá tem bombeiros, tem policiais militares? Inclusive, isso foi o começo das desavenças entre mim e o Martins, porque eu disse que eu ia limitar, porque já tinha o controle do Ministério Público e do Judiciário, e porque, também, através de informantes, e pelo que se passava na interceptação, eu constatei que tinham vazado algumas coisas.

O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Então, a resposta de V.Sa. é que o Delegado Martins, Chefe da Inteligência do Sistema de Segurança Pública, recebia todos os áudios das operações implantadas?
O SR. NEY ANDERSON DA SILVA GASPAR - Recebe todos os áudios das operações implantadas. Tudo o que é escutado, em qualquer operação, ele tem acesso.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Diga-se de passagem que essa é uma ação atípica, não é normal nas ações de segurança pública.
Encerrando aqui a participação minha e dos convidados, eu vou dar a palavra aos inscritos na lista, sem prejuízo de voltar a fazer qualquer arguição.
O SR. EDILÁZIO JÚNIOR (PSD - MA) - Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Pois não.
O SR. EDILÁZIO JÚNIOR (PSD - MA) - Como V.Exa. também fez pergunta concomitantemente ao Tiago Bardal, de repente ele tem algo a acrescentar.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - O Delegado Tiago Bardal tem alguma coisa a acrescentar sobre essa questão dos analistas que eram responsáveis por receber essas interceptações, ou se o sistema Siga-me era acionado para alguém receber no seu telefone essas interceptações?
O SR. TIAGO MATTOS BARDAL - Não só o Delegado Martins, mas lá na Inteligência nós temos também o Delegado Maymone. Então, são os dois que fazem o controle dessas escutas e o filtro dessas escutas, do que interessa ou não. Envolve o Delegado Maymone também.
O SR. PRESIDENTE (Aluisio Mendes. PODE - MA) - Obrigado, Delegado Tiago Bardal e Delegado Ney Anderson.
Eu passo a palavra agora, pela ordem de inscrição, ao Deputado Márcio Jerry, dizendo aos participantes aqui que ainda está aberta a lista de inscrições. Se alguém mais quiser se inscrever, está aberta.
V.Exa. tem o tempo de 3 minutos, Deputado Márcio Jerry, com a resposta do convidado de mais 3 minutos e direito a réplica.
O SR. MÁRCIO JERRY (PCdoB - MA) - Eu queria primeiro fazer uma observação de ordem mais geral.
O Maranhão, diferentemente do que se tenta apresentar aqui em algumas falas, é um Estado que tem suas instituições funcionando plenamente, de modo que minha primeira palavra é em defesa do Poder Judiciário do Maranhão, é em defesa do Ministério Público do Maranhão, é em defesa da Assembleia Legislativa do Maranhão. Enfim, daqueles que foram aqui citados como sendo coniventes com quaisquer suspeitas de cometimento de quaisquer ilicitudes. Há instituições que merecem o devido respeito, que funcionam no pleno gozo das suas prerrogativas e com elevada responsabilidade.
Segundo, quero lamentar, no caso do Delegado Bardal, porque nós estamos aqui vendo, à flor da pele, inclusive nas falas proferidas, um ânimo muito grande contra o Delegado Jefferson Portela, um homem que tem um respeito muito grande na instituição policial do Maranhão, que tem as críticas dos dois hoje aqui, mas goza de muito prestígio entre seus pares, e também é um homem muito destemido no combate ao crime organizado.
É muito lamentável, e a instituição Polícia Civil do Maranhão sofreu muito quando viu um delegado com a performance do Tiago Bardal deixar o lado da lei para ir para o lado da bandidagem.
A conivência compartilhada impede ação dos poderes de agir um contra o outro por mais criminosa que seja a situação.

CONFIRA TAMBÉM

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

PARTE II - VÍDEOS 3, 4, 5, 6 e 7 - O comunismo em ação no MA - indícios de crimes na cúpula do governo do Estado

Montagens, negociações escusas, governador, Maranhãozinho, Operação Jenga, grampeamento de desembargadores e de seus assessores e de políticos adversários. É MUITO GRAVE - CONFIRA OS VIDÉOS E AS TRANSCRIÇÕES.
Tudo revelado no recinto de uma das instituições da República - Câmara federal.
EIS A TRANSCRIÇÃO DO DEPOIMENTO - 2ª PARTE:

"E, nessa reunião que teve, nessa premiação, alguns colegas que lá estavam, de que, infelizmente, não posso dizer o nome porque, senão, vão ser perseguidos e removidos... Temos o caso do Delegado Benazzi, que, após a minha prisão, foi falar bem de mim, foi removido para outra cidade e ganhou, na Justiça, a sua permanência em São Luís — por perseguição dele. Pessoas falaram para mim que eu era do Estado de São Paulo, que eu não tinha parentes aqui, que eu não tinha amigos aqui, que eu não tinha raiz, para eu deixar a SEIC porque, senão, eu iria ser perseguido. Eu não aceitei. Jamais imaginava isso.
Quando foi em fevereiro, 1 mês após, foi montado um flagrante para minha pessoa em que eu fui preso por um suposto esquema de contrabando, sendo que, nessa prisão, são vários policiais militares e o único policial civil sou eu. Lá na SEIC, nós éramos mais de oitenta policiais civis. Como é que eu ia fazer a organização de um contrabando se o único envolvido era o Superintendente? As investigações acabaram, e não tem nenhum policial civil envolvido. Inclusive o advogado que estava comigo já foi absolvido, pelo mero fato de nós termos sido abordados 3 horas antes da operação e a 8 quilômetros do local do flagrante.

Depois, fizeram uma montagem, numa prisão, de uma carga de Viana que sumiu, carga esta de que eles sumiram com a nota fiscal, porque, quando me tiraram da SEIC, me tiraram com mandado de prisão, não deixaram eu fazer o inventário devido. Conseguimos a nota fiscal, a restituição dessa carga, apresentamos em juízo. Não satisfeitos, foram até a casa de um empresário e pegaram o depoimento dele — sem escrivão, na casa dele, sem intimação, sem as formalidades legais —, onde fizeram ele confessar uma suposta extorsão, uma concussão praticada por mim.

Esse empresário já foi à Corregedoria, já foi em juízo e negou o fato, demonstrou que foi coagido. Por último, eu já estava solto, cumprindo medidas cautelares, quando, no dia 28 de novembro, eu Delegado de Polícia, chegaram à minha casa mais de oito viaturas — eu com três filhos menores de idade, de 4, 6 e 8 anos — e invadiram com fuzil, para realizar a minha prisão. Dois assaltantes de banco supostamente fizeram uma delação na qual eu estou como assaltante de banco. Eu prendi mais de setecentos assaltantes de banco, eles foram a todos os presídios oferecer delação premiada a qualquer assaltante de banco que quisesse falar contra mim, oferecendo os benefícios.

Há menos de 15 dias, já houve a audiência em juízo, mais de 20 pessoas foram ouvidas, e nenhuma delas nem sequer falou do meu envolvimento com o crime organizado, para assaltar banco. Pelo contrário, foi ouvido o ex-Delegado-geral, o ex-Superintendente, o atual Delegado-Geral, e todos falam da minha excelente conduta. Infelizmente, nós estamos num Estado onde o Sr. Jefferson Portela transformou a nossa polícia em política, é uma polícia partidária. Hoje, o nosso Delegado-Geral é um delegado-geral de boneco, de fetiche, ele não manda em nada. Até no Conselho da Polícia Civil, os processos são ordenados pelo Jefferson Portela. As entidades de classe que faziam parte do Conselho da Polícia Civil, ele retirou.

Na época em que ele foi Presidente da Associação dos Delegados, ele lutou para entrarem as entidades de classe no Conselho da Polícia Civil. Quando ele assumiu como Secretário, o que ele faz? Tira as entidades de classe do Conselho da Polícia Civil, porque, com as entidades de classe no Conselho da Polícia Civil, ele não poderia manipular os processos. De algumas investigações que resultaram nessa armação que ele fez contra a minha pessoa, nós podemos citar o primeiro caso, um caso de investigação de pistolagem e agiotagem na região de Zé Doca, onde se começou a investigação com a SEIC a CHPP.

Eu e o Delegado Guilherme participamos das primeiras reuniões com o Secretário, em que o Delegado Guilherme tinha levantado que, na região, havia dois grupos, um grupo ligado a um senhor chamado Sebastião Patrick, que é uma liderança política no local — inclusive, quando o Governador ia na região, dormia na fazenda dele, almoçava na fazenda dele —; e um outro grupo, segundo o Sr. Jefferson Portela, ligado a Josimar de Maranhãozinho, hoje Deputado Federal.

Determinaram que o Delegado Guilherme fizesse a primeira fase da operação, que culminou com a prisão do Sebastião Patrick. Inclusive, na semana dessa prisão, houve a mudança de delegado-geral porque o antigo Delegado-Geral, que era o Delegado Lawrence, o Jefferson Portela estava desconfiado de que ele passava informações ao então Secretário Márcio Jerry e isso poderia atrapalhar o Sebastião Patrick. Eles foram para Pernambuco, o atual Delegado-Geral, que, então, era Superintendente da Homicídios, com uma missão: se prendesse Patrick, ele assumiria a Delegacia-Geral. Viajaram as equipes para Pernambuco, escondidas do então Delegado-Geral Lawrence, e foi feita a prisão de Patrick. Na outra semana, Jefferson fez uma reunião e exonerou o Lawrence do cargo, com o título de traidor. Ele batia na mesa e falava: "Você é traidor, é gente de Márcio Jerry!"

Quando se iniciaram as investigações para deflagrar a segunda fase da operação, que, segundo Jefferson, ia pegar o segundo grupo, o de Josimar de Maranhãozinho, — naquela época, segundo Jefferson, Josimar era do grupo adversário —, Jefferson manda parar a operação, tira o Delegado Guilherme da Homicídios, põe na geladeira na SPCI. E morreu a operação. No Sistema Guardião, tem todos os áudios dessa operação, conversas que demonstram a participação de mais de um grupo. Por que não foi feito esse outro grupo? Por interferência do Sr. Jefferson Portela? Não sabemos, somente com uma auditoria no Sistema Guardião. Tanto que, no ano passado, o Jefferson recebeu uma informação que o Patrick poderia receber um habeas corpus; ele, Jefferson, fez um novo pedido de prisão preventiva; chamou o Delegado Guilherme, que não estava mais na Homicídios; e pediu para ele assinar. O Delegado Guilherme negou, porque não estava na Homicídios.

Então, o Jefferson determinou que Guilherme fosse até o plantão — era um sábado ou um domingo —, fosse até o plantão da Delegacia de Homicídios, visse quem era o Delegado que estava de plantão e determinasse que ele assinasse o pedido de prisão. Só que o Delegado que estava de plantão também negou. Então, isso demonstra o caráter perseguidor do Sr. Jefferson Portela. Teve o segundo caso, que é a chamada Operação Jenga, muito importante. Essa operação começou no Departamento de Combate ao Crime Organizado, na SEIC, para apurar um sistema de agiotagem encabeçado por um agiota chamado Pacovan. A primeira fase dessa operação foi direcionada ao Pacovan, a sua esposa, aos seus laranjas e ao contador. Nessa primeira fase, nós falamos ao Secretário o que seria e que, numa segunda fase, entraria o núcleo político da agiotagem junto com seu Pacovan, Deputados que faziam emendas parlamentares em troca de agiotagem.

O Jefferson determinou que fosse feito um relatório para especificar tudo. Desse relatório, fizemos reuniões com ele. Ele marcou uma reunião com o Governador do Estado. Nós participamos dessa reunião. O Governador pediu para ler o relatório todo e perguntou se, nessa primeira fase, iria entrar político ou não. Na primeira fase, não entrou político. Então, ele determinou que se deflagrasse a operação, só que, na segunda fase, antes de deflagrar a operação, antes de pedir os mandados, era para marcar uma nova reunião com o Secretário, para verificar quem seriam os políticos ou não. Foi deflagrada a primeira fase, que foi um sucesso.

Quando foi para deflagrar a segunda fase, que foi no final do ano de 2017 para 2018, verificando Jefferson Portela que tinha Deputados aliados ao Governo, ele determinou que nós fizéssemos somente operação dos Deputados ou Senadores adversários ao Governo, aos aliados não era para fazer a operação. Eu não concordei com isso, muito menos, na época, o Delegado Ney Anderson: ou se faz operação com todo mundo ou não se faz operação. Então, ele mandou esperar porque ele iria conversar com o Governador. Essa espera... Foi em janeiro que eu fui premiado; em fevereiro, resultou nessa armação da minha prisão; e, ato contínuo, ele desfez o Departamento de Combate ao Crime Organizado, que estava nessa Operação Jenga, Operação Jenga essa em que um dos agiotas também era um indivíduo conhecido como Eduardo DP.

Curiosamente, o ano de 2015 foi o início da gestão Jefferson Portela e ele deflagrou várias operações que resultaram na prisão de Eduardo DP. Inclusive, ele deu entrevista, o Sr. Jefferson Portela, bem como o Superintendente da SECOR, e Eduardo DP era um dos maiores agiotas do Maranhão. Curiosamente, do ano passado para cá, Eduardo DP é um indivíduo que tem milhões de contratos com o Estado do Maranhão.

Novamente, uma polícia partidária, uma polícia destinada somente a perseguir quem não apoia o Governo. Outro caso que nós temos — infelizmente, o tempo é curto, eu tenho que falar rápido — é o caso envolvendo a morte do blogueiro Décio Sá. Em 2017, o Procurador-Geral da Justiça mandou para o promotor do caso um pedido de reabertura do caso Décio Sá. Jefferson Portela me chama até a Delegacia-Geral — lá também estava o Delegado-Geral —, onde ele pega o documento que veio do Ministério Público, com a representação de abertura do caso onde havia um vídeo em que pessoas falavam sobre o caso, provas novas, novos coautores.

Esse pedido foi feito, na época, ao Procurador-Geral pelo então Deputado Estadual Raimundo Cutrim. A ordem do Ministério Público, a requisição era para fazer a reabertura do caso e identificar as vozes. Jefferson me chama lá no gabinete do Delegado-Geral, o Dr. Leonardo, e determina: "Esse caso vai para a SEIC". E ele me diz, o Jefferson Portela: "Nós não vamos reabrir esse caso. O ano que vem teremos eleições — que era 2018 —, e isso vai favorecer a reeleição de Cutrim. O que você vai fazer? Você vai pegar esse caso, você vai intimar o locutor da voz, você vai mandar para perícia. E acabou, engaveta, não faz mais nenhuma diligência". Como era um caso envolvendo o crime organizado, eu chamei o Diretor do Crime Organizado, o Delegado Ney Anderson, e falei o que o Secretário determinou. Só que nós, novamente, não aceitamos mais uma ordem ilegal. E falei para o Delegado Ney Anderson: "Nesse caso, vamos ouvir todo mundo, e, se for para reabrir, vai ter que ser reaberto".

Quando em janeiro, o Sr. Jefferson Portela fica sabendo que nós estávamos, além de fazer a perícia que ele determinou, ouvindo as pessoas conforme a requisição ministerial, ele me chama e pergunta: "Quem determinou você ouvir as pessoas? Eu falei que não era para reabrir o caso?" E eu disse novamente a ele: "Lá na SEIC, nós não escolhemos investigações, não direcionamos investigações. Quem pratica crime vai ser investigado". Novamente janeiro de 2018.

Em fevereiro, ocorre a minha prisão, e a investigação novamente é interrompida. Tivemos os casos dos desembargadores, e Jefferson Portela, em todas as reuniões que fazia em seu gabinete, a portas fechadas, batia na mesa: "Ele já trabalhou no Poder Judiciário antes de ser delegado, conhecia o Poder Judiciário do Maranhão e, como Secretário de Segurança Pública, ia fazer história no Maranhão. Na gestão dele, desembargador ou juiz ia sair preso, porque ele sabia quem eram os bandidos". Ele dava ênfase aos nomes dos Desembargadores Froz, Nelma, Tyrone e Guerreiro e determinou que nós fizéssemos espionagem em cima deles, fato que nós negamos.

Quando teve a Operação Jenga, em que foi feita a soltura de Pacovan e, ato contínuo, teve um assaltante de banco e um narcotraficante que nós prendemos na SEIC de que houve o habeas corpus, ele nos chamou e determinou que fosse feita uma reclamação ao CNJ. Foi quando eu falei com ele se não era um caso de se passar para o Ministério Público. Ele falou: "Não. Faça a reclamação que, agora aqui, eu vou ligar para a Ministra Cármen Lúcia — então Presidente do CNJ — e eu seguro. Eu vou pessoalmente falar com ela para abrir uma investigação". Foi quando eu fiz a representação. Ele ligou para a Assessora da Ministra Cármen Lúcia, e ela pediu que lhe mandasse um e-mail para agendar a reunião. Foi mandado esse e-mail para agendar a reunião, lá do gabinete dele, pelo assessor especial dele, o Osman. A Ministra respondeu dizendo que, primeiro, para marcar a reunião, tinha que mandar a representação via Talk. A Polícia Civil não tem Talk. Então, ele ligou para o Presidente do Tribunal de Justiça dizendo que iria um delegado lá encaminhar a representação ao CNJ, via Talk. Foi o Delegado Renê que encaminhou a representação via Talk, lá na Corregedoria do Tribunal de Justiça.

Uma semana depois, eu procurei o Jefferson Portela e falei: "Cadê a reunião com a Ministra?" Ele falou: "Não, depois a gente vê isso". Eu falei: "Pois é. Você determinou que a gente assinasse a representação, você mandou três delegados que estavam em estágio probatório assinar a representação. Eu não sou covarde, eu não iria deixá-los assinar sozinhos, eu assinei. Agora o senhor está sendo covarde, porque não fez o combinado". Ele falou: "Não, teve outro caso de liberação de assaltante. Vamos representar de novo o Guerreiro, o Tyrone e seus assessores". Eu falei: "Agora não. O senhor foi covarde na primeira. Se o senhor quiser, o senhor procure o Ministério Público e determine que eles representem, porque é a função deles".

E o dito foi feito: ele ligou, na época, para o Procurador-Geral, e, em dezembro, o Ministério Público, através da Procuradoria-Geral, representou contra esses desembargadores, em dezembro de 2017, porque eu não aceitava mais e saí do caso. Em 2017 também, teve um flagrante num sábado ou num domingo. Ele me ligou e determinou que eu acionasse o Crime Organizado. Fomos até a SEIC, aonde lá chegou um policial militar preso e algumas testemunhas, essas testemunhas, segundo ele, dizendo que eram vítimas de uma milícia..."
VEM AÍ A PARTE III  - será o depoimento de outro delegado...AGUARDO

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

INTIMIDAÇÃO OU PERSEGUIÇÃO? Agentes do governo do Maranhão (PC do B) partem pra cima de jornalistas por revelação de escândalos na SSP

Por informarem fatos graves denunciados por delegados da Polícia Civil do MA, os jornalistas-blogueiros Yuri Almeida, Neto Ferreira, estão sendo intimidados por inquérito policial instaurado para para investigar os três blogueiros, assegurados pelas garantias constitucionais de liberdade de expressão e de informação, e nos valores da transparência e do interesse público, reportaram acusações feitas pelos delegados Ney Anderson Gaspar e Tiago Mattos Bardal contra o secretário estadual de Segurança Pública, Jefferson Portela, em carta tornada pública pelos delegados e em depoimentos perante à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara Federal, que ouviu dos delegados como é o modo comunista de monitorar adversário e incriminar quem não reza em sua cartilha no MA.

Yuri Almeida informou na sua página (atual7.com) que foi intimado a prestar depoimento na próxima quarta-feira (9) Perante a polícia que está sob o comando direto do acusado pelos delegados. 

Se não é intimidação, então é perseguição, pois inúmeros outros veículos também divulgaram e comentaram as denúncias graves dos delegados.

Este blog, nesta semana, estará divulgando os vídeos do depoimento dos delegados perante à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara Federal. Já saiu a primeira parte - confira AQUI! 

Nesta terça-feira postaremos a segunda parte. Inquérito intimidatório não pode barrar a liberdade de expressão e de informação. Esperamos que os que não rezam na cartilha comunista do MA não venham sofrer outro tipo de calar a voz.

Os que silenciam diante de ataques a colegas de imprensa estão na galaria de traidores dos responsável pela apuração, investigação e apresentação de notícias, reportagens, entrevistas ou distribuição de notícias ou outra informação de interesse coletivo - o chamado jornalismo.

São traidores do jornalismo, da sociedade e da dignidade humana.

No aludido inquérito, há seletividade ou todos foram convocados para depor?

domingo, 6 de dezembro de 2020

PARTE I - VÍDEOS-DENÚNCIA 1, 2 e 3 - DO ESQUEMA COMUNISTA: O modo como administram o Maranhão

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara Federal ouviu de dois delegados como é o modo comunista de monitorar adversário e incriminar quem não reza em sua cartilha. Envolve membros dos Leões, TJMA, MP e Assembleia Legislativa. Tem coisas cabeludas.


Primeira parte do depoimento do Delegado Bardal 

E, no outro dia, cedo, eu fui levar o resultado da oitiva até a Delegacia Geral, onde, antes de eu chegar na sala da Delegacia Geral, eu me encontro, vem até o meu encontro o então Delegado Jefferson Portela. Eu não o conhecia. Ele se apresentou para mim perguntando se eu o conhecia. Eu falei que não. Ele falou que era o Delegado Jefferson Portela e estava lá na condição de representante do partido PCdoB, e pediu para mim uma cópia do depoimento. Eu falei que, naquele instante, não podia dar, que eu estava próximo à sala da Delegada-Geral, que eu ia entregar todo o procedimento para ela, e, se assim ele quisesse, ele pegasse uma cópia com a Delegada-Geral. Foi quando ele bateu no meu ombro — naquele momento estava comigo também o investigador Batista — e falou que não ia esquecer daquilo, que, no mês de janeiro, ele iria ser o meu chefe, iria ser o Secretário, e isso não iria ficar assim. Para mim, isso passou batido. Em janeiro, realmente, ele assumiu como Secretário.

Quando foi em junho ou julho, ele foi convidado... Foi criada a Superintendência de Narcóticos, e, então, o Delegado Augusto e o Delegado André Gossain — o Delegado Augusto era o Delegado-Geral — me convidaram para ser o Superintendente da SENAC. Foi quando, passada 1 semana, eles me procuraram e falaram que, infelizmente, eu não podia ser Superintendente da SENAC porque o então Secretário tinha indeferido o meu pedido, porque eu não era uma pessoa de confiança, era uma pessoa que ele já fez alguns pedidos para mim no passado, e eu não atendi, e eu não podia ser Superintendente. Passou 1 mês, novamente o Delegado Augusto me procurou e falou que convenceu ele, e eu seria o Superintendente da SENAC. Assim eu assumi. Eu saí do roubo a bancos, começou a aumentar o roubo a bancos. Foi quando eles me chamaram, em novembro de 2015, para assumir a SEIC, agora como Superintendente da SEIC. Eu aceitei e fiquei de novembro de 2015 até fevereiro de 2018, mais de 3 anos.

Durante esse período, foi um período em que mais houve apreensão de assaltantes de banco, ultrapassou 700 assaltantes de bancos presos, foi o período em que houve 80% de redução de assalto a bancos, houve um combate efetivo ao crime organizado, pelo Departamento de Combate ao Crime Organizado. E nós começamos, principalmente no ano de 2017 — eu assumi em 2015 — a ter um trabalho de excelência principalmente no combate ao crime organizado. Nós já estávamos começando investigações, a chegar a pessoas poderosas, pessoas graúdas, como se diz no linguajar popular. Foi quando, em 2017, o próprio Secretário Jefferson Portela começou a fazer a mim e ao Chefe do Departamento de Combate ao Crime Organizado pedidos de direcionamento de investigações, direcionamentos esses sejam de cunho pessoal — vingança, ódio que ele tinha de inimigos — sejam de direcionamento de investigações para fins político-partidários.

Eu, como Superintendente, não aceitava esse pedido dele, o Delegado Ney Anderson também não aceitava. E, com isso, nós começamos a ter um desentendimento com o Secretário, ele começou a ter um nível de desconfiança. Foi quando, em janeiro de 2018, eu recebi um prêmio do próprio Governador Flávio Dino, um prêmio de destaque pelo G1, pelo excelente trabalho realizado na SEIC, que levou o nome da Polícia Civil a reconhecimento a nível nacional.

E, nessa reunião que teve, nessa premiação, alguns colegas que lá estavam, de que, infelizmente, não posso dizer o nome porque, senão, vão ser perseguidos e removidos... Temos o caso do Delegado Benazzi, que, após a minha prisão, foi falar bem de mim, foi removido para outra cidade e ganhou, na Justiça, a sua permanência em São Luís — por perseguição dele. Pessoas falaram para mim que eu era do Estado de São Paulo, que eu não tinha parentes aqui, que eu não tinha amigos aqui, que eu não tinha raiz, para eu deixar a SEIC porque, senão, eu iria ser perseguido. Eu não aceitei. Jamais imaginava isso.
Quando foi em fevereiro, 1 mês após, foi montado um flagrante para minha pessoa em que eu fui preso por um suposto esquema de contrabando, sendo que, nessa prisão, são vários policiais militares e o único policial civil sou eu. Lá na SEIC, nós éramos mais de oitenta policiais civis. Como é que eu ia fazer a organização de um contrabando se o único envolvido era o Superintendente? As investigações acabaram, e não tem nenhum policial civil envolvido. Inclusive o advogado que estava comigo já foi absolvido, pelo mero fato de nós termos sido abordados 3 horas antes da operação e a 8 quilômetros do local do flagrante.

Depois, fizeram uma montagem, numa prisão, de uma carga de Viana que sumiu, carga esta de que eles sumiram com a nota fiscal, porque, quando me tiraram da SEIC, me tiraram com mandado de prisão, não deixaram eu fazer o inventário devido. Conseguimos a nota fiscal, a restituição dessa carga, apresentamos em juízo. Não satisfeitos, foram até a casa de um empresário e pegaram o depoimento dele — sem escrivão, na casa dele, sem intimação, sem as formalidades legais —, onde fizeram ele confessar uma suposta extorsão, uma concussão praticada por mim.

Esse empresário já foi à Corregedoria, já foi em juízo e negou o fato, demonstrou que foi coagido. Por último, eu já estava solto, cumprindo medidas cautelares, quando, no dia 28 de novembro, eu Delegado de Polícia, chegaram à minha casa mais de oito viaturas — eu com três filhos menores de idade, de 4, 6 e 8 anos — e invadiram com fuzil, para realizar a minha prisão. Dois assaltantes de banco supostamente fizeram uma delação na qual eu estou como assaltante de banco. Eu prendi mais de setecentos assaltantes de banco, eles foram a todos os presídios oferecer delação premiada a qualquer assaltante de banco que quisesse falar contra mim, oferecendo os benefícios.

Há menos de 15 dias, já houve a audiência em juízo, mais de 20 pessoas foram ouvidas, e nenhuma delas nem sequer falou do meu envolvimento com o crime organizado, para assaltar banco. Pelo contrário, foi ouvido o ex-Delegado-geral, o ex-Superintendente, o atual Delegado-Geral, e todos falam da minha excelente conduta. Infelizmente, nós estamos num Estado onde o Sr. Jefferson Portela transformou a nossa polícia em política, é uma polícia partidária. Hoje, o nosso Delegado-Geral é um delegado-geral de boneco, de fetiche, ele não manda em nada. Até no Conselho da Polícia Civil, os processos são ordenados pelo Jefferson Portela. As entidades de classe que faziam parte do Conselho da Polícia Civil, ele retirou.

Na época em que ele foi Presidente da Associação dos Delegados, ele lutou para entrarem as entidades de classe no Conselho da Polícia Civil. Quando ele assumiu como Secretário, o que ele faz? Tira as entidades de classe do Conselho da Polícia Civil, porque, com as entidades de classe no Conselho da Polícia Civil, ele não poderia manipular os processos. De algumas investigações que resultaram nessa armação que ele fez contra a minha pessoa, nós podemos citar o primeiro caso, um caso de investigação de pistolagem e agiotagem na região de Zé Doca, onde se começou a investigação com a SEIC a CHPP.

CONTINUA NA PRÓXIMA POSTAGEM .......... VEM BOMBA