Há cinco anos as consequência a humoristas que ultrajaram sentimentos religiosos dos muçulmanos

FRANÇA/IMPRENSA
Charlie Hebdo demonstra resiliência 5 anos após atentado islâmico que dizimou redação.

A imprensa francesa recorda nesta terça-feira (7) os 5 anos do atentado à redação do jornal satírico Charlie Hebdo, o primeiro de uma série de ataques extremistas islâmicos que ensanguentaram a França durante 2015 e marcaram para sempre a história do país.

"Sempre Charlie", diz a manchete do jornal progressista Libération, em uma versão renovada do eterno "Eu Sou Charlie", o slogan que ganhou o mundo após o massacre praticado pelos irmãos Chérif e Said Kouachi naquela manhã de 7 de janeiro de 2015.

Dentro do prédio, os disparos de kalachnikov mataram os chargistas Cabu, Charb, Honoré, Tignous e Wolinski, a psicanalista Elsa Cayat, o economista Bernard Maris, o policial Franck Brinsolaro, que fazia a segurança de Charb, o corretor Mustapha Ourrad, o visitante Michel Renaud e o agente de limpeza Frédéric Boisseau. Na rua, os terroristas ainda mataram um policial. Balanço de vítimas: 12 pessoas e 11 feridos. Mas a equipe de Charlie Hebdo se reestruturou sob o comando de Riss, atual diretor de redação, e o satírico voltou a circular.

"Depois do ataque, Charlie nunca renunciou a manter acesa a frágil chama da liberdade de expressão, apesar da solidão da redação e das críticas incessantes ao seu conteúdo", observa o Libération. Alguns acreditam que, cinco anos após a tragédia que levou 4 milhões de pessoas às ruas em homenagem aos mortos e para reafirmar a liberdade de expressão no país, a França não estaria mais mobilizada como naquele período para conter o risco extremista. Mas, na avaliação do jornal, essa visão não corresponde à realidade.

De acordo com Laurent Joffrin, diretor de redação do Libération, "a sociedade francesa deu provas de uma resiliência incrível", apesar do sangue derramado e das lágrimas. "As forças de segurança francesas continuam a perseguir terroristas com uma eficiência indiscutível", diz Joffrin, mesmo se alguns ataques esporádicos podem acontecer. "A missão de Charlie Hebdo deve continuar a mesma: um jornal que faz piada de si e dos outros, que dessacraliza o sagrado, que questiona as incertezas, que faz ironia de tabus, que contradiz as ortodoxias, que ridiculariza as personalidades que se julgam importantes e tudo o que é solene: um jornal que pacifica a sociedade pelo riso", declara.

Fundamentalismo ainda prospera

O diário conservador Le Figaro afirma que, passados cinco anos da série de ataques de 2015, a ameaça extremista não recuou no país. Para o jornal, os defensores de uma visão fundamentalista do Islã se impuseram no cotidiano dos franceses, como demonstram os ataques que ainda são registrados no país.

Em seu editorial, Le Figaro defende uma estratégia que combata as raízes do extremismo islâmico e não apenas suas consequências. O jornal de direita, que prega um tratamento duro àqueles que propagam a "ideologia da morte", pede uma ação mais contundente das autoridades francesas contra o extremismo islâmico, "em nome da diversidade, da não discriminação e dos direitos humanos".

Justiça antiterrorista sob pressão

Cinco anos após os atentados contra o Charlie Hebdo e o supermercado judaico Hyper Cacher, os juízes e os investigadores antiterroristas vivem em um ritmo acelerado de processos, escreve Le Monde. Oficialmente, a investigação terminou e a data do julgamento foi marcada. As audiências acontecem de de 4 de maio a 10 de julho de 2020.

Quatorze pessoas foram acusadas e serão julgadas, a maioria por “formação de quadrilha” e, algumas, por “cumplicidade”. Um número de réus significativo indica que o “caso Charlie representa os novos desafios da justiça antiterrorista na França”, acredita o jornal.

O mistério sobre o atentado contra o jornal satírico continua, apesar dos cinco anos de investigações. O ataque dos irmãos Kouachi foi reivindicado ao mesmo tempo pelo braço da rede Al Qaeda na península árabe e pelo grupo Estado Islâmico. Um enigma que o julgamento que começa em maio não deve resolver. Uma testemunha-chave sobre o mandante do atentado, o jihadista Peter Cherif, foi preso em Djibuti em 2018, mas a investigação principal já havia sido encerrada e ele será julgado posteriormente, esclarece o jornal.

Observação do Blog:
Duvidamos que o "Porta dos Fundos" tenha a coragem de fazer com a religião dos muçulmanos o mesmo que fizeram com o Cristianismo no Brasil.

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