A partir do próximo fim de semana entra em operação o BOPE do Maranhão, o militarismo da PM mais violento que existe. Seu símbolo é a morte.
A coisa é simples de entender. O Estado produz o marginal por falta da assistência que deveria dar e o BOPE elemina.
Quem alimenta o tráfico são as elites, quem consume a cocaína são as elites. E porque o BOPE só estraçalha o crânio do marginal da periferia, que só consome a borra, o crack?
Segundo Fabrício Maciel, Sociólogo e mestre pela UENF e membro do CEPEDES – Centro de pesquisas sobre desigualdade, da UFJFA, a atuação do BOPE representa também um efeito dos sentimentos de classes médias e dominantes, onde estas precisam se proteger do perigo oferecido pelo tráfico. Toda vez que o “Fantástico” da Rede Globo mostra o BOPE subindo o morro, o sentimento compartilhado por quem não é da ralé, pré-reflexivamente, mas em alguns casos de conservadorismo mais assumido até mesmo conscientemente, é de que estamos combatendo estes “delinqüentes” que são a causa de todos os nossos problemas, como se a ameaça real de perigo para todas as classes não fosse um efeito dos acordos morais modernos classificadores e naturalizantes de nossa desigualdade de classe.
Ainda segundo o sociólogo, O BOPE é formado na sua maioria por pessoas das classes baixas. E arremata ele, a realidade do BOPE é uma só, nua e crua: é ralé matando ralé. O significado dessa matança, justificada pela brasilidade como uma guerra do bem contra o mal, deriva de um sistema impessoal de naturalização da desigualdade que deixa bem claro quem deve ser preservado e quem pode morrer na guerra. Trata-se de uma guerra impessoal entre classes que, como diria Foucault (2005), tem como objetivo “fazer viver” e “deixar morrer”.