“Gestão Banda de Ovo”: Denúncia grave em Tutóia (MA) aponta contratos milionários para Merenda Escolar servida com meio ovo.

A revolta tomou conta de pais e moradores de Tutóia, no Maranhão, após tomarem conhecimento que estudantes da rede municipal recebem o que foi descrito como "um punhado de macarrão e uma 'banda de ovo'" como merenda escolar no dia 4 de setembro de 2025. A denúncia se espalhou rapidamente pelas redes sociais, o que contrasta drasticamente com contratos firmados pela prefeitura que somam mais de R$ 4,3 milhões para a compra de dezenas de toneladas de alimentos, incluindo carnes nobres, peixes e frutas.

O caso gerou tanta insatisfação que a administração do prefeito Viriato Cardoso está sendo apelidada popularmente de "Gestão Banda de Ôvo".

Segundo relatos de famílias e responsáveis de alunos, a qualidade e a quantidade da alimentação servida nas escolas são insuficientes para manter os alunos devidamente nutridos durante o período de aulas.

A controvérsia se aprofunda ao se analisar os contratos de fornecimento da merenda. A Prefeitura de Tutóia, sob a gestão do prefeito Viriato Cardoso e do secretário de educação Natalino da Silva Filgueiras, firmou acordos com duas empresas para a aquisição em larga escala de uma vasta gama de produtos alimentícios.

Contratos Milionários e Toneladas de Alimentos

Apesar da refeição precária servida aos estudantes, os documentos revelam um cenário de abundância nos papéis. As empresas contratadas foram:

A primeira empresa PREMIER COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA, tem o Contrato nº 2701090901/2025 - PMTU/MA no valor de R$ 2.653.708,85. Esta empresa, com endereço em São Luís/MA, é representada por João Gabriel do Nascimento Neto Vieira, e deveria fornecer anualmente, entre outros itens: Carne bovina (16 toneladas), Frango (13 toneladas), Arroz (13 toneladas), Carne suína (1,25 tonelada), Fígado (1,2 tonelada), Filé de Tilápia (500 kg) e Biscoitos diversos (24 mil pacotes).

A segunda empresa é a COMERCIAL COCAL LTDA, localizada no Povoado Cocal, em Tutóia/MA, e representada por Matheus Nascimento dos Santos. A empresa assinou o Contrato nº 0402114501/025 - PMTU/MA no valor de R$ 1.662.772,00 para o fornecimento de: Frutas diversas (53 toneladas), Verduras e legumes (43,6 toneladas), Bolos artesanais (12 toneladas), Bolachas de maisena e coco (8 toneladas), Brôa de fubá (4 toneladas) e Biscoito de goma (5.400 pacotes).

Para agravar a situação, a prefeitura recebeu mais R$ 1.059.800,00 em repasses do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/PNAE) do Ministério da Educação.

A pergunta que não quer calar: se os contratos são volumosos (toneladas de alimentos), para onde estão indo esses alimentos?

As hipóteses levantadas apontam para as seguintes possibilidades:

1.     Desvios: Parte das toneladas de alimentos contratadas podem não estar chegando às escolas, sendo desviada antes do destino final.

2.     Má Gestão: Os alimentos podem estar sendo perdidos por má administração.

3.     Superfaturamento/corrupção: A quantidade real de alimentos adquirida pode ser inferior à declarada nos contratos, com notas fiscais "maquiadas", caracterizando superfaturamento e desvio de verba pública.

A "banda de ovo" não é um complemento alimentar, mas a face visível de um possível crime praticado na Gestão atual da Prefeitura de Tutóia.

Especialistas em nutrição ouvidos de forma preliminar alertam que a falta de uma alimentação balanceada, com proteínas, vitaminas e minerais em quantidade suficiente, impacta diretamente no rendimento cognitivo dos alunos, na capacidade de concentração e no desenvolvimento físico, perpetuando um ciclo de desigualdade.

Órgãos de Controle federais estão sendo acionados

Diante da pobre refeição que chega aos pratos dos alunos de Tutóia e dos milhões de reais investidos, denúncia está sendo formalmente protocolada junto a órgãos de fiscalização em forma de representações no Ministério Público Federal (MPF), por se tratar de verbas federais, e na Polícia Federal (PF), com um pedido de investigação sobre possível desvio ou má aplicação dos recursos. O Ministério da Educação também será notificado, com a solicitação de uma inspeção local nas escolas do município.

O Conselho de Alimentação Escolar (CAE), órgão fiscalizador do PNAE, também precisa se manifestar sobre suas ações de fiscalização.

Este é apenas o primeiro furo desta investigação. O blog segue apurando os caminhos da merenda em Tutóia já que os recursos destinados ao município são de grande monta.


Comentários

Comentários

Postagem Anterior Próxima Postagem