O RELATO DO ZÉ MANÉ NO CANAL DO OTÁRIO.

Vamos do começo...
Nasci em uma família pobre, tive uma infância cheia de privações e restrições, brigava de sair no braço mesmo com meus irmãos por uma bolacha (biscoito uma ova, sou paulista queria o que?), iogurte só fui conhecer isso muito tempo depois, minha mãe costurava minhas roupas, uma vergonha só! Me lembro de ir no açougue para comprar tipo R$3,00 (equivalente de algum pouco dinheiro da época) em carne da mais barata, e depois de comprar a carne, pedia um pedaço de sebo que era para usado como óleo. Percebi, logo cedo, que minha mãe me fazia ir ao açougue para que, com minha cara de criança esfomeada e vestida em trapos, conseguisse algo na faixa. Devia dar certo.
Comecei a trabalhar aos 14 anos, nada de estágio, era integral mesmo, patrulheiro (o povo do interior de São Paulo conhece bem), uma espécie de office-boy mirim fardado. Fazia de tudo, abastecia galões de água, arquivava papeis e entregava memorandos nas mesas (quem nasceu depois do e-mail nem faz ideia de como as pessoas se comunicavam antes), trabalho duro, no final do mês, recebia um salário mínimo menos descontos dos patrulheiros. Metade ia para minha casa e metade para mim.
Sim estudava, a noite.
Para ajudar sofro de dislexia, o que comprometia os estudos por completo, me levando a repetir de ano várias vezes, mas foi em frete, era a única opção que tinha.
Apesar do fracasso nos estudos, era bom no trabalho, consegui algo melhor, e resolvi estudar computação lá no começo dos anos 90. Só existia uma única opção de ensino técnico e era pago, meu salário não dava para pagar, arrumei outro emprego, trabalhava em jornada dupla de digitador, das 23:00 as 05:00 e das 06:00 as 12:00, voltava para casa andando para economizar o busão e dormia o que dava, já que a colégio iniciava as 19:00.
Por incrível que pareça, nas matérias de informática me adaptava super bem, sem falsa modéstia eu era bom para cacete, sempre nadava de braçadas nas aulas de TI.
Arrumei um estágio, que levou a um emprego melhor, e assim foi. Houve outros percalços claro, mas sempre em frente. Até hoje, aos 40 anos de idade, tive duas temporadas de férias de 30 dias, uma foi ano passado, outra faz uns 5 anos.
Meus filhos gozam hoje de uma vida que sequer eu poderia sonhar naquela época, tudo, absolutamente tudo, fruto de um grande esforço pessoal.
Não quero aqui aborrecer vocês com choradeira de garoto pobre do interior, mas quando eu li alguns comentários essa semana a respeito do panelaço contra a Dilma no último domingo,comentários como o Juca Kfouri fiquei indignado e puto da vida. Revoltado mesmo!
Porque fiquei puto?
Oras, porque hoje, para esses infelizes, ser bem sucedido virou sinônimo de explorador, virou sinônimo de vida mansa, virou sinônimo de ser burguês, aproveitador, opressor e por ai vai...
Para esses sujeitos, quem tem sucesso na vida não pode reclamar, não pode protestar, porque, afinal, as panelas estão cheias e "eu" não tenho do que reclamar, só pobre pode reclamar segundo esses imbecis. Tenha paciência! Tenho muito a reclamar, principalmente porque poderia estar melhor, não só para mim, mas para todo mundo, principalmente para os mais pobres que estão sendo massacrados pela inflação galopante incessante. Penso na quantidade de gente que poderia estar em melhores condições do que estão atualmente, mas que não estão graças a esse discurso hipócrita dessa gente.
Para esses, faço parte de uma elite golpista, gente que teve a vida fácil, que se aproveita dos pobres, gente da burguesia, gente que é contra os pobres, que não suporta ver pobre andar de avião e por ai vai.
Estou vivendo em um país onde o meu esforço e o meu sucesso viraram motivo de chacota, então para o inferno com esses tipos. Para esses imbecis eu quero mandar um VTNC gigante.
Eu estava na dúvida se iria ou não nas manifestações de domingo, de verdade. Agora, não tenho mais dúvida. Vou sair da minha casa, vou "perder" o meu dia de descanso para me juntar aqueles que, assim como eu, querem dar um basta nesse governo de hipócritas e nesses intelectuais boçais que vivem do meu trabalho, vivem pendurados nas tetas do estado me sugando, e nada agregam para a sociedade. Dar uma basta aos "movimentos sociais" que depredam e destroem propriedades, dar uma basta e mostrar que não aguentamos mais esse (des)governo cuja única coisa que fala é me criticar e me ofender!
Chega de tudo isso, quero fazer a minha parte!
E você, vai?!
Nos vemos lá!
Escrito por Zé Mané

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