O relator da CPI Mista do Cachoeira, deputado Odair
Cunha, do PT de Minas Gerais, vai apresentar seu relatório final nesta
terça-feira. Ele não quis antecipar o teor do documento, mas adiantou em seu
blog na internet que pedirá o indiciamento de todos os depoentes que se
recusaram a depor. Odair Cunha afirmou também que o relatório já tem mais de
mil páginas e que "será bastante contundente".
O relator analisou quase 70 mil páginas referentes
a sigilos bancários, 11 mil relativas a quebras de sigilo fiscal de 75 pessoas
físicas e jurídicas e, ainda, 45 mil páginas de extratos de ligações
telefônicas.
Entretanto, apesar da prorrogação de 48 dias, nem
todos os documentos em poder da comissão foram analisados. Segundo o presidente
da CPI, senador Vital do Rêgo, do PMDB da Paraíba, o trabalho terá
prosseguimento:
"O material que não foi analisado, por força
do tempo de 180 dias mais 48 de prorrogação, ele deverá seguir para o
Ministério Público, para que o Ministério Público tome as providências".
Vital do Rego disse que a comissão aprofundou as
investigações anteriores, feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério
Público, e apontou a existência de um Estado paralelo criado pelo jogo ilegal.
"Eu entendo que essa CPI foi completamente
diferente de todas as outras instaladas na República ao longo dos últimos anos.
Veio quando muito já estava apurado, aprofundou as investigações, vai mostrar
que nós precisamos combater esse Estado paralelo que o jogo propicia e que leva
a outros crimes, como a corrupção e a desintegração do aparelho estatal, e
imagino que as soluções possam ser dadas tanto pelo Legislativo quanto pelo
Executivo."
Deputados e senadores de diversos partidos, como
DEM, PPS e Psol, afirmam que as investigações não foram concluídas e que o
relatório será incompleto. Vital do Rêgo também comentou essas críticas:
"Esse julgamento vai ser dado pela sociedade
brasileira quando a CPI concluir efetivamente seus trabalhos."
A apresentação do relatório está marcada para as
10h15, na sala 2 da ala Nilo Coelho, no Senado.
De Brasília, Wilson Silveira